Survival International, um grupo global de direitos indígenas, advertiu que, dadas as pequenas dimensões das tribos amazônicas não contatadas, este último episódio pode significar que uma porcentagem significativa de um grupo étnico remoto foi exterminada.
“Se a investigação confirmar os relatórios, será mais um massacre genocida resultante diretamente da falha do governo brasileiro em proteger tribos isoladas – algo que é garantido na Constituição”, disse Sarah Shenker, uma ativista sênior do grupo de direitos.
O presidente do Brasil, Michel Temer, o financiamento para os assuntos indígenas foi cortado. Em abril, a Funai fechou cinco das 19 bases que usa para monitorar e proteger tribos isoladas, e reduziu o número de funcionários em outras. As bases são usadas para evitar invasões por madeireiros e mineiros e para se comunicar com tribos recentemente contatadas.
Três dessas bases estavam no Vale do Javari, que é conhecido como a Fronteira sem Contato e acredita-se que seja o lar de mais tribos sem contato do que qualquer outro lugar na Terra. Aproximadamente 20 das 103 tribos não contatadas registradas no Brasil estão no Vale.
“Tivemos problemas com governos anteriores, mas não assim”, disse Sotto-Maior, a coordenadora da Funai.
O orçamento da sua agência este ano para o departamento de tribos não contatadas foi de apenas dois milhões de reais, ou cerca de 650 mil dólares, contra 7,5 milhões de reais em 2014. “O que posso fazer com dois milhões de reais”, disse ela.
O presidente Temer, que é profundamente impopular, tem buscado apoio de poderosos lobbies agrícolas, pecuários e mineiros para impulsionar mudanças econômicas através do Congresso e protegê-lo de uma investigação de corrupção. No mês passado, a Câmara Baixa do Congresso votou para poupá-lo de ser julgado por corrupção na Suprema Corte, mas somente depois que o presidente deixou de trabalhar e concordou com uma série de concessões, muitas das quais afetaram o desmatamento de longa data e os regulamentos dos direitos da terra.